A esposa de Deus.

 Uma roseira floresce em meu corpo, seus espinhos perfuram meus orgãos e as pétalas correm pelo meu sangue traçando caminhos diversos. Quando fecho os olhos estou sendo abraçada por esse mar de rosas, encoberta por um macio desonesto e Ishtar segura minha mão como se dissesse que não há mais o que temer, pois ela estará me guiando ao anoitecer nos sonhos pertubados, os pesadelos quais eu enfrentava não mais apareciam até que por insistência de meus pais precisei comparecer á igreja (evangélica, o que é ainda pior, a mentira cristã que reside em seus fiéis é destrutiva para qualquer um e a ganância deles causaria inveja até mesmo em Mammon, o príncipe.) e ao dormir fiquei diante desse ser que retém informações dívinas para si mesmo, um padre católico no auge de sua juventude buscando saber o que há de tão errado na mente de uma garota rebelde. 

Como se eu fosse uma noviça passando por provações encarei um interrogatório intenso, tive minha mente invadida por alguém que eu sequer conhecia de verdade e precisei assistir meus piores pensamentos sendo despejados em meio á praça pública, diante de minha vó foi aberta minha cabeça, os sentimentos arrancados de mim e o que ele tanto buscava, a verdade desconhecida, não foi encontrada. Eu sabia que ele não poderia tirar nada do meu ser, eu sou protegida por algo ainda mais poderoso que seu Deus desonroso; achando que poderia arrancar algo, me punir e levar-me ao sepulcro eterno, ele tentou mais uma vez pegar o que havia em mim, no entando, sou filha de Ishtar, (ou Astaroth, ou então o Grão-duque do inferno que se apresenta num corpo feminino.) e de mim não iria conseguir nada.

Uma mãe que concede a sabedoria do tempo é uma mãe que pode proteger sua filha e, como todo teu poder é grandiosa, sua fúria pela justiça e sua liberdade imensurável consistem num único ser intradimensional, nunca houve com o que me preocupar verdadeiramente. Até que se trouxe o risco de ter algo entrando no meu cérebro e vasculhando cada curva, querendo retirar algo dali enquanto esbarrava entre tantas outras coisas valiosas para mim, era como se ele estivesse revirando um tesouro do qual eu cultivava e amava diariamente, tão possessiva diante dele quanto qualquer outra coisas e esse objeto estava sendo manuseado por um desconhecido, por alguém quem em mal conhecia e odiava no mesmo insante que coloquei os olhos, quem ele pensava que era para abusar dos meus conhecimentos? 

Ishtar me protegeu, segurou em minha mão e disse: não temas, filha. Enquanto eu fugia para bem longe, aquele homem me perseguia e ela tomou a decisão de se pôr entre nós, com a forma de Astaroth, o demônio, conjurando os setes fogos do inferno para tomá-lo. Deixou que eu fugisse, me escondesse e fosse salva dos Céus. Outra vez me foi permitido viver sem que soubessem a verdade, sem que entendessem onde os meus erros haviam sido cometidos o que eu carregava de tão podre. Algo em mim estava decomposto, fedia e atraia os mais famintos necrófagos, a morte me ronda todos os dias e por isso brilho o sigilo de Astaroth em meu peito, sua estrela me guia e sua alma entende tudo aquilo que meus grandes olhos enxergam no horizonte. ELA sabe quem sou eu. ELA está dentro de mim. ELA é quem me comanda.

Ave Ishtar, Ave Astarte, Ave Asherah. Ave Astaroth.

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