Querido alguém,

 Escrevo-te como súplica para que recolha minhas angústias! Estou, hoje, em delírio constante, sem saber onde colocar meus pés. Ando lendo todos os tipos de palavras que se apresentarem aos meus olhos, como a boa devoradora de frases que sou, mas nada me satisfaz. A fome pelo inexistente corrompe minh'alma e não encontro o sabor derradeiro nem mesmo nos mais infames textos publicados, ao que lhe envio esta carta escrita em uma pausa cansada dessa longa leitura que está sendo Lolita. Como posso dizer isso? Não sei bem com o que estou lidando, nem que tipo de criação tenho em minhas mãos, mas algo assombra os meus pensamentos enquanto cada palavra se forma, percorro os parágrafos mais cruéis deste local e, Santo Cristo, não entendo o cérebro de Nabokov, é atormentador. Uma das poucas coisas que me orgulho é não soltar até que tenha terminado, mas sinto que em breve deixarei essas páginas fugirem para longe, bem longe!

Portanto, meu caro, peço-lhe um pouco de continuidade. Para que eu possa encerrar essa maldição e nunca mais tocá-la em todo meu ser, me sinto impura e suja. Não o recomendaria, pretendo esconder essa obra bizonha em meus baús para que nunca seja passado adiante. Ler isso deveria ser considerado um ultraje. Só de lembrar dos pontos e vírgulas sinto calafrios.

Atenciosamente, Beatrice.

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